Velharias

[Gran]

Nota: Recomendo que pule as invocações se tem pressa.

[Afinal, o tempo passa, não volta nem dá retorno, segue reto até bater. Se parar é porque morreu, se fundiu, falhou o radiador.

Como eu não sou frasista, logo deixo dessas graças. Minha arte é com a gentil palavra concreta, calculizada e feita em peça para algo maior, mais soberbo e poderoso que a mera frase. Uma parede de texto! Pois eu sou pedreiro das palavras.]

Afinal, qual de vocês teve alguma chance de ver alguma coisa que restou do passado? Digamos, um relato dum concílio ocorrido há muito, algum resto de pano com os escritos de um já morto guerreiro-mercenário, estas coisas.

Afinal, deixar isto tudo morrer seria chato.

[HFrance]

As velharias invariavelmente desaparecem em Cantr. Está tudo sempre recomeçando e cada personagem parece nascer com o karma de ter de ser original e inovador. Não há sentido histórico pois as personagens nascem sem história, mas prontos para fazer a sua própria. Historiadores, repórteres, investigadores não sobrevivem, pois não sobrevive grande parte das personagens criativas. Elas invariavelmente naufragam naqueles vazios mares de lama povoados apenas por criaturas mecanizadas, sem personalidade, sem emotividade, sem criatividade, que são as conseqüências inevitáveis de um fenômeno chamado "múltiplas contas". É muito difícil trabalhar com criatividade e imparcialidade quando temos até quinze papéis para desempenhar no jogo. Muitas personagens são abandonadas à condição de verdadeiros zumbis inexpressivos por mera incapacidade nossa (talvez inevitável) de sermos criativos todo o tempo e com todos eles. Mas há jogadores que, chegando como quem chega a um joguinho vagabundo qualquer de guerra e conquista, quer fazer a diferença à força e, para tal, trazem destes buracos de onde vieram as estratégias podres que costumam usar naqueles ambientes estéreis. Múltiplas contas oferecem a estes powergamers a possibilidade de fazer algumas de suas personagens principais se sobressairem nas comunidades, mesmo sendo totalmente carentes de sentido comunitário, uma vez que podem ser favorecidas por várias dezenas de escravos produtores, mulas carregadoras, gárgulas de vigilância e outras formas espúrias de subservientes. Se, como disse, é muito difícil cuidar com carinho de até quinze personagens, como eles adulteradores podem ser capazes de jogar Cantr com várias dezenas deles? Não podem. E é por isto que não considero que tais jogadores sejam legítimos jogadores de Cantr. E, mesmo que aleguem que fizeram ou fazem isto por amor a Cantr, é mentira ou auto-ilusão, uma vez que eles não podem amar Cantr se ignoram realmente o que seja Cantr. Definitivamente, por mais que uma ou outra de suas personagens tenha conseguido construir algo de grande em alguma localidade daquele mundo, sua maior contribuição sempre será ter causado um grande dano ao espírito do jogo. Pois eles não amam Cantr, não se interessam por Cantr e não se importam com Cantr. Eles, no fundo, amam a si mesmos e fazem todo este estrago travestido de genialidade movidos apenas por uma necessidade onanista. A nossa sorte é que Cantr não dá a menor atenção a eles, tratando-os como a escória que realmente são. Cantr não tem rankings de quem mata mais, de quem constrói mais, de quem é mais poderoso ou mais rico, algo que serviria para alimentar o ego destes meliantes. Cantr não tem sistema de níveis que destacaria publicamente o grau de "eficiência" de tais "jogadores". Cantr não tem pódiums oficiais. Mas a nossa sorte é que há sempre esta possibilidade de recomeço, de retomada dos velhos planos, das velhas idéias, das grandes contribuições registradas numa nota abandonada no chão. Planos e idéias que exigem gente (personagens e jogadores) de verdade para dar forma e matéria, pois exigem razão e emoção, personalidade e caráter - coisas que as personagens zumbis não têm por incapacidade de seus multiaccounters dá-las pois, como toda mera masturbação é fútil e estéril e... felizmente, cansa.

O tempo não pára
(A. Brandão - Cazuza, 1988)
Disparo contra o sol
sou forte sou por acaso
minha metralhadora cheia de mágoas
eu sou o cara
cansado de correr
na direção contrária
sem podium de chegada
ou beijo de namorada
eu sou mais um cara

Mas se você achar que tô derrotado
saiba que ainda estou rolando os dados
por que o tempo
o tempo não pára
dias sim, dias não
eu vou sobrevivendo sem um arranhão
na caridade de quem me detesta

a tua piscina esta cheia de ratos
tuas idéias não correspondem aos fatos
o tempo não para
eu vejo um futuro repete o passado
eu vejo um museu de grandes novidades
o tempo não para
não para não não para

eu não tenho data pra comemorar
às vezes os maus dias são de par em par
procurando agulha no palheiro
nas noites de frio é melhor nem nascer
nas de calor se escolhe é matar ou morrer
e assim nos tornamos brasileiros

te chamam de ladrão de bicha maconheiro
transformam um pais inteiro num puteiro
pois assim se ganha mais dinheiro

a tua piscina esta cheia de ratos
tuas idéias não correspondem aos fatos
o tempo não para
eu vejo um futuro repete o passado
eu vejo um museu de grandes novidades
o tempo não para
não para não não para

[Gran]

O efeito deletério da prática, embora não seja a pauta, está bem posto. É de cortar meu voto de silêncio. Felizmente, após algum tempo à mercê de qualquer um chegasse com esse assalto múltiplo, hoje os vigilantes do jogo estão mais conscientes da tarefa que têm e como cumpri-la. Se antes achávamos que eram colaboradores, hoje os membros do Departamento dos Jogadores podem ser bemvistos e admirados pelos jogadores.

Meus cumprimentos, sr. França. Só não os recuse nem menospreze: é raro que eu os distribua, por isso têm ao menos valor de mercado via oferta reduzida.

Mas ainda cá faltam velharias.

[HFrance]

Outra velharia (das ruins) que agora retorna são os nômades e eremitas. Tanto trabalho que tivemos... para pouco. Eu tentei criar duas personagens para voltar a jogar, mas elas caíram no meio do nada e longe de todos. Eu não vou jogar com elas, não mesmo, e vão morrer de fome por lá. Mas eu credito também isto a estes filhos de uma pústula que criam múltiplas contas. Mesmo sabendo que Cantr é um simulador coletivo de vida social eles, incapazes de se relacionarem com outra pessoa além de si mesmos, resolvem clonar várias vezes sua própria mediocridade e insistem em parasitar o nosso mundinho verde. Como eles desprezam o elemento social do jogo - o roleplay - eles fogem, em bandos de um só, para longe de onde se está criando sociedades, gerando spawnpoints tão estéreis quanto suas mentalidades.

Ah! Que se ferrem!!!

[Voltenion]

Cá por mim não havia problema em ter 20 contas, desde que jogassem. Mas não, fazem 50 personagens e só jogam com 2. O resto é mete-los a apanhar espinafres enquanto desprezam quem tenta fazer algo para além disso.

[Illidan]

Dois de meus personagens na ilha velha, que andavam um sozinho e o outro em conjunto, conseguiram convencer as pessoas a ficarem por onde estão mesmo. É o melhor a se fazer, andei muito com o spawn desativado e parei quando ele voltou, exatamente para acabar com problemas como estes. Outro de meus personagens fez exatamente o contrário, peço desculpas por isso, mas ele está tentando resolver a situação.

[Hikkke]

A minha personagem segue a sua jornada pelas insólitas tundras.

Enquanto terras definham pela falta de animais de caça, as tundras são abarrotadas deles, ainda que não haja nada que se comer ou ao menos coletar.

Tenho algumas personagens a andar pelo mundo, sozinhas, seus companheiros foram morrendo, adormecendo, sumindo.

A ilha é gigante, nada... é imensa de grande, isso que é.

Alguma chance do P.D aceitar uma sugestão de fazer uma bicicleta primitiva? Com lascas de unha, meleca de nariz, fezes secas e fios do próprio cabelo?

[Mallu]

A ilha é gigante, nada... é imensa de grande, isso que é.

Alguma chance do P.D aceitar uma sugestão de fazer uma bicicleta primitiva? Com lascas de unha, meleca de nariz, fezes secas e fios do próprio cabelo?

Huhauhahauhauhauua ( rolei de rir)
Séria ótima mesmo se pudessemos fazer isso...
Eu estou vibrando, dos meus 10 chars, É isso mesmo estou com apenas 10 chars. Somente dois estão na outra ilha.
Uma esperando o seu velho amado.
E o outro tentando ajudar no que pode.
...
E Volt cadê você heim?

[danizappa]

O jogo tem estado parado mesmo, o que não é totalmente mau uma vez que dá tempo para respirar e pensar inspiradamente no que vamos fazer a seguir.

Quanto às velharias... está à vista...é uma pena serem tão pouco exploradas.

[HFrance]

O que mata Cantr aos poucos é a (talvez) impossibilidade de se criar Cultura. Para isto seria preciso que as personagens conhecessem a História. Mas esta fica parada nas notas, largadas ao chão, exigindo das personagens que as leiam. Mas as personagens não fazem nada que seus jogadores mesmos não estejam a fim. Pombas, é mais fácil e divertido para os jogadores satisfazer o próprio egoísmo de criar a partir do zero os próprios materiais do que dar seguimento ao que já foi feito ao ler com interesse meia dúzia de pequenos textos? Parece que sim. Mas que eles não se enganem, pois suas próprias criações, por sua vez, também não terão continuidade, não farão História, não formarão Cultura.

Cantr depende de apenas dois fatores para dar certo:
- honestidade do jogador (a regra capital do jogo pode ser resumida na pergunta: que vantagem indevida o jogador está dando à sua personagem?)
- gosto pela leitura e escita

[Voltenion]

Gostava imenso de saber se alguém encontrou um pequeno desabafo de um personagem meu. A Nara Sivoz, acho que a nota se chamava "Reflexos". Era uma pequena nota com uma vibe muito negativa, basicamente a falar dos primeiros tempos da vida dela. Gostei muito de a escrever. Mas a Nara morreu num barco lituano, um dos ataques ao porto de Grande Chifre. Sei que não fiz nenhuma copia, infelizmente, o orginal deve ter ficado no barco e se calhar de lá nunca saiu, mas gostava mesmo de saber só se alguém a tinha encontrado. É uma pena se essa nota nunca for espalhada, não tem só a história da Nara mas também de um grupinho que com ela andou e era mesmo interessante. Um pedacinho de história da Ilha de Grande Chifre e fora da cidade, o que pouco... São poucas as histórias daquela ilha que não estejam muito relacionadas com a cidade.
Bem, alguém viu?

[Mallu]

Bem, alguém viu?

Não vi não Volt.

[Void]

Cá por mim não havia problema em ter 20 contas, desde que jogassem. Mas não, fazem 50 personagens e só jogam com 2. O resto é mete-los a apanhar espinafres enquanto desprezam quem tenta fazer algo para além disso.

eu poderia jogar ate com mais do que isso, tinha todos os slots ocupados e ainda assim queria mais,ficava ansiosa para que algum nome ficasse branco,se tivesse mais personagens acho que nao ficaria tao tensa

[Voltenion]

Conseguias manter um RP decente com todos os personagens? E já com duas contas, 30 personagens, a probabilidade de te veres a Rpiar contigo mesma começam a ser bem grandes, não há interesse nisso.
Se não sentias tanta dor é porque tinhas tanto personagem que nem te ias conseguir ligar a nenhum deles, perdias-te no meio de tanta personagem. Esses que têm múltiplas contas não o fazem para jogar Cantr, fazem para dar espinafres a 1 ou 2 dos 45 personagens com quem realmente querem fazer alguma coisa. Se fosse para jogar Cantr, digo outra vez, podiam bem ter 20 contas que eu não me importava.

[HFrance]

Filme "CRB, o retorno" (Baseado na série Maldito OOC)
agora na ordem normal para não perder a graça (se é que tem)

xxxx-x.xx: Dás uma bofetada na cara ao/à 16.
xxxx-x.xx: Imbecil diz: `Não! Espera... Este é meu!`
xxxx-x.xx: Dás uma bofetada na cara ao/à 37.
xxxx-x.xx: Imbecil diz: `Não bata neste também! É meu também!`
xxxx-x.xx: Dás uma bofetada na cara ao/à 45.
xxxx-x.xx: Imbecil diz: `Ei! Ele também é meu!`
xxxx-x.xx: Dizes: `Ora! Por que, ó tirano? Achas que todo mundo te pertence?`
xxxx-x.xx: Imbecil diz: `Sim. São todos das minhas outras contas!`