Povos Desesperançados
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Povos Desesperançados
Gostaria de salientar previamente que este não é um tópico sobre mais *uma* perda nossa. É mais quanto ao caráter dos nossos povos, ou do nosso povo luso-brasileiro, o que preferirem. O que ocorre é que, por vezes, sinto que os povos português e brasileiro são de certa forma desanimados, ou se encontram em uma grande seca da alma, que mina-lhes as vontades e o ímpeto aos níveis de indivíduo, família e nação.
Os portugueses, pelo que entendo, são bastante pessimistas quanto a pátria, a despeito de todas as belezas do país e do progresso que se tem na nação. Ainda assim, os portugueses mantém um pouco daquela velha tristeza que eles traziam da terra ao aportarem no Brasil, de uma falta de esperança e um pessimismo que tanto movimentou o fado português do início do século, e mais antigamente, os pregadores da volta de El-Rei D. Sebastião. E com a quantidade de comentários assim que vejo vindos da Lusitânia, parece que para se ser um bom português é pré-requisito é não acreditar na pátria.
E os brasileiros, por mais que gostem da sua casca morena de ginga e alegria, me parecem quase tão tristonhos quanto os portugueses e tão pessimistas quanto. Ainda mais, eu digo, pois se os lusitanos ouvem com um certo orgulho saudosista os feitos do velho império, os brasileiros, ineducados e separados de suas tradições e história, quase que nada sabem sobre o passado para motivar seus filhos, largando-os desesperançados em frente ao futuro ainda para ser trilhado. Esta miséria do espírito, com a falta de vontade, mina todo o sentimento, mesmo com os progressos que se tem tido no país no correr do século - economia forte, conquistas sociais, estabilidade. Não saúdam a bandeira, não sabem seus hinos. Não preservam as boas tradições que formaram os colonos, mas somente os vícios.
A única vez que se vê os dois tipos, de cada lado do Atlântico, defender a terrinha, é quando outro fala mal dela, como bem visto naquele comercial das nossas hoje "famosinhas" Havainas.
E tu? Que sentes sobre o fato? (Ou digo facto?)
Nota: Espero do Ilustríssimo Sr. "HFrance" uma declaração mais apaixonada que aquelas que tens feito até hoje. Seis que gostas do frasismo, mas conheci-te como um discursista.
Os portugueses, pelo que entendo, são bastante pessimistas quanto a pátria, a despeito de todas as belezas do país e do progresso que se tem na nação. Ainda assim, os portugueses mantém um pouco daquela velha tristeza que eles traziam da terra ao aportarem no Brasil, de uma falta de esperança e um pessimismo que tanto movimentou o fado português do início do século, e mais antigamente, os pregadores da volta de El-Rei D. Sebastião. E com a quantidade de comentários assim que vejo vindos da Lusitânia, parece que para se ser um bom português é pré-requisito é não acreditar na pátria.
E os brasileiros, por mais que gostem da sua casca morena de ginga e alegria, me parecem quase tão tristonhos quanto os portugueses e tão pessimistas quanto. Ainda mais, eu digo, pois se os lusitanos ouvem com um certo orgulho saudosista os feitos do velho império, os brasileiros, ineducados e separados de suas tradições e história, quase que nada sabem sobre o passado para motivar seus filhos, largando-os desesperançados em frente ao futuro ainda para ser trilhado. Esta miséria do espírito, com a falta de vontade, mina todo o sentimento, mesmo com os progressos que se tem tido no país no correr do século - economia forte, conquistas sociais, estabilidade. Não saúdam a bandeira, não sabem seus hinos. Não preservam as boas tradições que formaram os colonos, mas somente os vícios.
A única vez que se vê os dois tipos, de cada lado do Atlântico, defender a terrinha, é quando outro fala mal dela, como bem visto naquele comercial das nossas hoje "famosinhas" Havainas.
E tu? Que sentes sobre o fato? (Ou digo facto?)
Nota: Espero do Ilustríssimo Sr. "HFrance" uma declaração mais apaixonada que aquelas que tens feito até hoje. Seis que gostas do frasismo, mas conheci-te como um discursista.
"Navegar é preciso; viver não é preciso"
- HFrance
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Quem sou eu pra fazer defesa de meu país e de meu povo, se a maior já foi feita:
"Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Como descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre marcados pelo exercício da brutalidade sobre aqueles homens, mulheres e crianças. Esta é a mais terrível de nossas heranças. Mas nossa crescente indignação contra esta herança maldita nos dará forças para, amanhã, conter os possessos e criar aqui, neste país, uma sociedade solidária ".
por Darcy ribeiro
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O Povo Brasileiro
Mas foi essa gente nossa, feita da carne de índios, alma de índios, de negros, de mulatos, que fundou esse país. Esse "paisão" formidável. Invejável. A maior faixa de terra fértil do mundo, bombardeada pelo sol, pela energia do sol. É uma área imensa, preparada para lavouras imensas, produtoras de tudo, principalmente de energia. A Amazônia devia ser um país, porque é tão diferente. O nordeste, até a Bahia... outro país que é diferente. A Paulistânia e as Minas Gerais juntas são outra gente... O sul, outra gente... Esse povão que está por aí pronto pra se assumir como um povo em si e como um povo diferente, como um gênero humano novo dentro da Terra. É claro que eu tinha de fazer um livro sobre o Brasil que refletisse de certa forma isso. E vivi fazendo pesquisa, e vivi muito com negros, brasileiros, pioneiros de todo o lugar do Brasil. E li tudo que se falou do Brasil. Então estava preparado pra fazer esse livro. E gosto dele. Tenho orgulho do fundo do peito de ter dado ao Brasil esse livro. É o melhor que eu podia dar. Gosto muito disso.
Por Darcy Ribeiro
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O Povo Brasileiro
Mais disso tem aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=5Xz9pfxErQE - piloto de série (recomendo-a para todos, brasileiros ou não, para que conheçam e divulguem sobre o que é O Povo Brasileiro e o Brasil que, como dizia Antonio Carlos Jobim, não é matéria para principiantes.)
"Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Como descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre marcados pelo exercício da brutalidade sobre aqueles homens, mulheres e crianças. Esta é a mais terrível de nossas heranças. Mas nossa crescente indignação contra esta herança maldita nos dará forças para, amanhã, conter os possessos e criar aqui, neste país, uma sociedade solidária ".
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Mas foi essa gente nossa, feita da carne de índios, alma de índios, de negros, de mulatos, que fundou esse país. Esse "paisão" formidável. Invejável. A maior faixa de terra fértil do mundo, bombardeada pelo sol, pela energia do sol. É uma área imensa, preparada para lavouras imensas, produtoras de tudo, principalmente de energia. A Amazônia devia ser um país, porque é tão diferente. O nordeste, até a Bahia... outro país que é diferente. A Paulistânia e as Minas Gerais juntas são outra gente... O sul, outra gente... Esse povão que está por aí pronto pra se assumir como um povo em si e como um povo diferente, como um gênero humano novo dentro da Terra. É claro que eu tinha de fazer um livro sobre o Brasil que refletisse de certa forma isso. E vivi fazendo pesquisa, e vivi muito com negros, brasileiros, pioneiros de todo o lugar do Brasil. E li tudo que se falou do Brasil. Então estava preparado pra fazer esse livro. E gosto dele. Tenho orgulho do fundo do peito de ter dado ao Brasil esse livro. É o melhor que eu podia dar. Gosto muito disso.
Por Darcy Ribeiro
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Mais disso tem aqui:
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Cantr II is a social simulator. What is not working is due a problem in the society.
Cantr is like Vegas - what happens in the game should be in the game.
"It's a virtual world, not a theme park!" (Richard Bartle)
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- Trapaças
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O que estás para aí a dizer, Gran?
Bem por um lado tens razão, a maioria dos tugas não tem muito interesse em conhecer o país e mais depressa falam mal do Ronaldo e do Mourinho do que bem
Isso é porque todos ainda sofrem da invejazinha dos tempos rurais e isso vê-se bem em Lisboa onde, para um alentejano como eu que foi para lá a primeira vez aos 18 anos, parecia que tinha caido de paraquedas no Iraque porque a sensação que senti foi uma solidão estranha quando estava rodeado de gente.
Eu gosto muito do meu país, perdi uns dias bons a conhecer Lisboa e gostei do que vi. Já fui a Fátima e Vila Nova de Mil Fontes. Já conhecia bem Oeiras antes de ter vindo morar para Lisboa e também gostei de lá estar (já pareço o Malato a falar
).
Enfim estou cá para dizer que o cantr tuga está a refletir muito bem, por acaso, como é que uma comunidade tuga sobreviveria sozinha. As únicas cidades bem desenvolvidas são bem organizadas mas no entanto não se sente uma liderança de ferro nessas cidades. São cidades politicamente neutras e livres, pelo menos para mim.
Eu gosto do que temos, talvez podiamos estar melhor, não fossem os litus e alguns malucos que passam de vez em quando, mas acho que os nossos cantrianos vivem bem.

Bem por um lado tens razão, a maioria dos tugas não tem muito interesse em conhecer o país e mais depressa falam mal do Ronaldo e do Mourinho do que bem

Isso é porque todos ainda sofrem da invejazinha dos tempos rurais e isso vê-se bem em Lisboa onde, para um alentejano como eu que foi para lá a primeira vez aos 18 anos, parecia que tinha caido de paraquedas no Iraque porque a sensação que senti foi uma solidão estranha quando estava rodeado de gente.
Eu gosto muito do meu país, perdi uns dias bons a conhecer Lisboa e gostei do que vi. Já fui a Fátima e Vila Nova de Mil Fontes. Já conhecia bem Oeiras antes de ter vindo morar para Lisboa e também gostei de lá estar (já pareço o Malato a falar

Enfim estou cá para dizer que o cantr tuga está a refletir muito bem, por acaso, como é que uma comunidade tuga sobreviveria sozinha. As únicas cidades bem desenvolvidas são bem organizadas mas no entanto não se sente uma liderança de ferro nessas cidades. São cidades politicamente neutras e livres, pelo menos para mim.
Eu gosto do que temos, talvez podiamos estar melhor, não fossem os litus e alguns malucos que passam de vez em quando, mas acho que os nossos cantrianos vivem bem.

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Nós, do Brasil, costumamos ouvir que "temos público, não povo". Seremos sede da olimpíada de 2016 e da copa de 2014, o que significa para nós?
Três coisas:
1. Mais exploração sexual de crianças, adolescentes e adultos;
2. Mais obras superfaturadas;
3. Uma euforia "momentanea" e que trará grandes problemas depois.
Temos terra para todos e mais alguns, e não fazemos a reforma agrária, temos o presidente do senado envolvido nas piores corrupções, e não fazemos nada (nem o apoio do povo para a retirada do excelentissimo, que disso não tem nada, adiantou alguma coisa. O Brasil e seu povo são muito pacifistas). Vivemos a base de políticas usadas a mais de 2000 anos (pão e circo).
E digo que se temos uma rixa com os Potugueses (a minha desapareceu depois de jogar CANTR... ou diminuiu muito) é porque os culpamos pelos males de nosso país, não que vocês não tenham parte da culpa, mas a não tentativa de melhora é de pura culpa nossa.
Mas uma nova geração vem ai, muito pacifista como a outra mas com alguns focos rebelecionistas e prontos para tentar mudanças (por pena vejo que apenas uma pequena parte pensa assim).
"Depoimento de um anônimo jogador de CANTR de 15 anos".
ps: desconsiderem os erros de português, sou da area de exatas e odeio português, sei que boa parte do forum gosta bastante de nossa lingua e me desculpo por isso
.
Três coisas:
1. Mais exploração sexual de crianças, adolescentes e adultos;
2. Mais obras superfaturadas;
3. Uma euforia "momentanea" e que trará grandes problemas depois.
Temos terra para todos e mais alguns, e não fazemos a reforma agrária, temos o presidente do senado envolvido nas piores corrupções, e não fazemos nada (nem o apoio do povo para a retirada do excelentissimo, que disso não tem nada, adiantou alguma coisa. O Brasil e seu povo são muito pacifistas). Vivemos a base de políticas usadas a mais de 2000 anos (pão e circo).
E digo que se temos uma rixa com os Potugueses (a minha desapareceu depois de jogar CANTR... ou diminuiu muito) é porque os culpamos pelos males de nosso país, não que vocês não tenham parte da culpa, mas a não tentativa de melhora é de pura culpa nossa.
Mas uma nova geração vem ai, muito pacifista como a outra mas com alguns focos rebelecionistas e prontos para tentar mudanças (por pena vejo que apenas uma pequena parte pensa assim).
"Depoimento de um anônimo jogador de CANTR de 15 anos".
ps: desconsiderem os erros de português, sou da area de exatas e odeio português, sei que boa parte do forum gosta bastante de nossa lingua e me desculpo por isso

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HFrance wrote:Quem sou eu pra fazer defesa de meu país e de meu povo, se a maior já foi feita [...]
Bem, eu já vi uns pedaços da série. Boa, mas eu discordo de algumas coisas da antropologia brasileira pós 1922. Não sou grande fã.
Trapaças wrote:Isso é porque todos ainda sofrem da invejazinha dos tempos rurais [...]
Os portugueses queriam ser saloios? Já isto é coisa nova. Ainda assim, nunca ouvi dos lisboetas quererem andar todos de boina em quantidades massivas e aprenderem a dançar a tirana.

Illidan wrote:E digo que se temos uma rixa com os Portugueses é porque os culpamos pelos males de nosso país [...]
Um mal muito grande por sinal, é culpar os outros por algo que é culpa nossa.
Eu poderia discorrer agora sobre o quão errados estão esses jovenzitos, o quão simplesca é a visão de história destes, mas com o tanto que eu falaria, se fazia um novo tópico. O que importa é que os professores ficam atochando os alunos de besteiras comunistas/marxistas e ideologizando toda a história nacional para criar soldadinhos vermelhos com "senso crítico para detectar as maracutaias do grande capital".
Quanto ao velho Sarney, acho que o movimento contra ele teve boa alma, mas falhou não por indolência brasileira. É simplesmente por que foi um movimento chinfrim mesmo. Quando eu ouvi, por exemplo, que a manifestação deles diante do Congresso seria no Sabádo, eu simplesmente quis bater a cabeça num poste por eles. O Congresso funciona três dias da semana e eles jogam o protesto no dia que é mais que certo que os congressistas não estão lá. Triste. Mas foi importante para ensinar o povo alguma coisa sobre manifestações, porque esta arte está perdida.
Ah, e Rio 2016... U-huuu...

Mas vamos lá, tocando a vida e tocando os tópicos.
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O que o Trapaças disse sobre a inveja não é que os liboetas tenha inveja dos saloios, mas sim que a inveja que existe nas terras pequenas, também existe nas cidades supostamente cosmopolitas.
As gerações mais velhas têm na massa do sangue o espírito dos tempos da ditadura. Vive-se muito a vida dos vizinhos, do bairro, do clube. Às vezes penso que só temos três saídas: enlouquecer, fugir ou socumbir à nossa natureza.
E qual é a nossa natureza? Somos sonhadores de utupias. Somos desenrascados e conseguimos realizar o impossível se estivermos a lutar pela sobrevivência. E aqui resite o nosso problema, não sabemos governar-nos em tempos de estabilidade.
Mais nenhuma nação europeia transferiu a sua capital para fora da Europa como nós fizémos, porquê? Porque estávamos à rasca. Quando a ameaça desapareceu o que fizémos? Estragámos tudo. Seria giro imaginar como seria a história dos nossos povos se a capital do império tivesse ficado no Brasil.
Só uma última achega. Sabem qual é o signo do Portugal? É Peixes, o signo dos altos e baixos, do viver para lá das nuvens, universalismo, pouco sentido prático. E eu sei do que falo, já sou desse signo. Não me lembro do signo do Brasil.
As gerações mais velhas têm na massa do sangue o espírito dos tempos da ditadura. Vive-se muito a vida dos vizinhos, do bairro, do clube. Às vezes penso que só temos três saídas: enlouquecer, fugir ou socumbir à nossa natureza.
E qual é a nossa natureza? Somos sonhadores de utupias. Somos desenrascados e conseguimos realizar o impossível se estivermos a lutar pela sobrevivência. E aqui resite o nosso problema, não sabemos governar-nos em tempos de estabilidade.
Mais nenhuma nação europeia transferiu a sua capital para fora da Europa como nós fizémos, porquê? Porque estávamos à rasca. Quando a ameaça desapareceu o que fizémos? Estragámos tudo. Seria giro imaginar como seria a história dos nossos povos se a capital do império tivesse ficado no Brasil.
Só uma última achega. Sabem qual é o signo do Portugal? É Peixes, o signo dos altos e baixos, do viver para lá das nuvens, universalismo, pouco sentido prático. E eu sei do que falo, já sou desse signo. Não me lembro do signo do Brasil.
- HFrance
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O Provincianismo Português, por Fernando Pessoa, 1928
«Se, por um daqueles artifícios cómodos, pelos quais simplificamos a realidade com o fito de a compreender, quisermos resumir numa síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo. O facto é triste, mas não nos é peculiar. De igual doença enfermam muitos outros países, que se consideram civilizantes com orgulho e erro.
O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela - em segui-la pois mimeticamente, com uma subordinação inconsciente e feliz.
A síndroma provinciana compreende, pelo menos, três sintomas flagrantes: o entusiasmo e admiração pelos grandes meios e pelas grandes cidades; o entusiasmo e admiração pelo progresso e pela modernidade; e, na esfera mental superior, a incapacidade de ironia.
Se há característico que imediatamente distinga o provinciano, é a admiração pelos grandes meios. Um parisiense não admira Paris; gosta de Paris. Como há-de admirar aquilo que é parte dele? Ninguém se admira a si mesmo, salvo um paranóico com o delírio das grandezas. Recordo-me de que uma vez nos tempos do Orpheu, disse a Mário de Sá-Carneiro: «Você é europeu e civilizado, salvo em uma coisa, e nessa você é vítima da sua educação portuguesa. Você admira Paris, admira as grandes cidades. Se você tivesse sido educado no estrangeiro, e sob o influxo de uma grande cultura europeia, como eu, não daria pelas grandes cidades. Estavam todas dentro de si».O amor ao progresso e ao moderno é a outra forma do mesmo característico provinciano. Os civilizados criam o progresso, criam a moda, criam a modernidade; por isso lhes não atribuem importância de maior. Ninguém atribui importância ao que produz. Quem não produz é que admira a produção. Diga-se incidentalmente: é esta uma das explicações do socialismo. Se alguma tendência têm os criadores de civilização, é a de não repararem bem na importância do que criam. O Infante D. Henrique, com ser o mais sistemático de todos os criadores de civilização, não viu contudo que prodígio estava criando toda a civilização transoceânica moderna, embora com consequências abomináveis, como a existência dos Estados Unidos. Dante adorava Virgílio como um exemplar e uma estrela, nunca sonharia em comparar-se com ele; nada há, todavia, mais certo que o ser a Divina Comédia superior à Eneida. O provinciano, porém, pasma do que não fez, precisamente porque o não fez; e orgulha-se de sentir esse pasmo. Se assim não sentisse, não seria provinciano.»
Quanto ao mapa astral do Brasil, fica difícil saber em que dia o Brasil nasceu, pois a data perde-se na pré-história da América do Sul. A nação brasileira já existia há muito tempo, antes de adquirir sua certidão de nascimento no cartório internacional pela apresentação de um grito de independência.
«Se, por um daqueles artifícios cómodos, pelos quais simplificamos a realidade com o fito de a compreender, quisermos resumir numa síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo. O facto é triste, mas não nos é peculiar. De igual doença enfermam muitos outros países, que se consideram civilizantes com orgulho e erro.
O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela - em segui-la pois mimeticamente, com uma subordinação inconsciente e feliz.
A síndroma provinciana compreende, pelo menos, três sintomas flagrantes: o entusiasmo e admiração pelos grandes meios e pelas grandes cidades; o entusiasmo e admiração pelo progresso e pela modernidade; e, na esfera mental superior, a incapacidade de ironia.
Se há característico que imediatamente distinga o provinciano, é a admiração pelos grandes meios. Um parisiense não admira Paris; gosta de Paris. Como há-de admirar aquilo que é parte dele? Ninguém se admira a si mesmo, salvo um paranóico com o delírio das grandezas. Recordo-me de que uma vez nos tempos do Orpheu, disse a Mário de Sá-Carneiro: «Você é europeu e civilizado, salvo em uma coisa, e nessa você é vítima da sua educação portuguesa. Você admira Paris, admira as grandes cidades. Se você tivesse sido educado no estrangeiro, e sob o influxo de uma grande cultura europeia, como eu, não daria pelas grandes cidades. Estavam todas dentro de si».O amor ao progresso e ao moderno é a outra forma do mesmo característico provinciano. Os civilizados criam o progresso, criam a moda, criam a modernidade; por isso lhes não atribuem importância de maior. Ninguém atribui importância ao que produz. Quem não produz é que admira a produção. Diga-se incidentalmente: é esta uma das explicações do socialismo. Se alguma tendência têm os criadores de civilização, é a de não repararem bem na importância do que criam. O Infante D. Henrique, com ser o mais sistemático de todos os criadores de civilização, não viu contudo que prodígio estava criando toda a civilização transoceânica moderna, embora com consequências abomináveis, como a existência dos Estados Unidos. Dante adorava Virgílio como um exemplar e uma estrela, nunca sonharia em comparar-se com ele; nada há, todavia, mais certo que o ser a Divina Comédia superior à Eneida. O provinciano, porém, pasma do que não fez, precisamente porque o não fez; e orgulha-se de sentir esse pasmo. Se assim não sentisse, não seria provinciano.»
Quanto ao mapa astral do Brasil, fica difícil saber em que dia o Brasil nasceu, pois a data perde-se na pré-história da América do Sul. A nação brasileira já existia há muito tempo, antes de adquirir sua certidão de nascimento no cartório internacional pela apresentação de um grito de independência.
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Jotael wrote: Seria giro imaginar como seria a história dos nossos povos se a capital do império tivesse ficado no Brasil.
A tendência do Reino Unido de Portugal e Brasil era desunir-se, pelo que imagino. A independência já rondava as idéias dos colonos fazia quarenta anos e ganhava força. A vinda de D. João VI retardou o processo, mas a sua saída o tornou certo, pois era impossível retornar calmamente ao estado de colônia. E no reino, a indignação quanto a saída de D. João já bastava para criar o clima de instabilidade necessário para querer separar-se.
Quanto ao signo, o do Brasil supostamente é virgem, o que é ridículo, pois pressupõe que se tenha uma preocupação ordeira neste lugar. Fora o sintoma de preocupar-se com miudezas, nada vejo com relação ao signo. Excetuada se for possível que as características do signo se invertam ou se corrompam.
HFrance wrote:Quanto ao mapa astral do Brasil, fica difícil saber em que dia o Brasil nasceu, pois a data perde-se na pré-história da América do Sul.
Quem dera fosse. Pelo que vejo e sei, o que havia eram Jês, Tupis, Guaranis, Aruaques, Caribas, Charruas, Minuanos e assim vai. Eram todos povos distintos: detestavam-se e se digladiavam entre si, isto é, quando não lutavam fratricídios. Não constituíam de forma alguma um povo único, quiçá imaginariam serem chamados de pelo nome de uma árvore que crescia nas matas do litoral.
Last edited by Gran on Sat Oct 03, 2009 7:28 pm, edited 1 time in total.
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Gran,
Esperamos por tua valiosa opinião no que realmente nos interessa, em outros tópicos.
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Pindorama Brasil
Toquinho
Composição: Toquinho / Paulo César Pinheiro
No início era Pindorama
Craô, Mauê, Carajá.
Lisboa, Porto e Alfama
Chegaram então de Além-mar.
Primeiro foi luta armada,
Soldado e índio em coluna:
Facão, fuzil e espingarda
Contra arco, flexa e borduna.
Depois foi ouro trocado
Por pente, lâmina e espelho,
E o aguardente foi dado
Por pau de tinta vermelho.
Depois foi tudo uma festa,
Com as cunhantãs, curuminhas
Deitando pela floresta
Com Pedros, Diogos, Caminhas.
Numa argamata no brejo,
Bambus, maracas, sanfonas
E a boca do rio Tejo
Beijou o rio Amazonas.
Caraíba fez fama
Dizendo que descobriu
A terra de Pindorama
Que agora se chama Brasil.
Pindorama Brasil
Toquinho
Composição: Toquinho / Paulo César Pinheiro
No início era Pindorama
Craô, Mauê, Carajá.
Lisboa, Porto e Alfama
Chegaram então de Além-mar.
Primeiro foi luta armada,
Soldado e índio em coluna:
Facão, fuzil e espingarda
Contra arco, flexa e borduna.
Depois foi ouro trocado
Por pente, lâmina e espelho,
E o aguardente foi dado
Por pau de tinta vermelho.
Depois foi tudo uma festa,
Com as cunhantãs, curuminhas
Deitando pela floresta
Com Pedros, Diogos, Caminhas.
Numa argamata no brejo,
Bambus, maracas, sanfonas
E a boca do rio Tejo
Beijou o rio Amazonas.
Caraíba fez fama
Dizendo que descobriu
A terra de Pindorama
Que agora se chama Brasil.
Last edited by HFrance on Sat Oct 03, 2009 7:40 pm, edited 1 time in total.
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- Joined: Mon Dec 04, 2006 5:53 am
Só não concordo com o poetismo sobre a origem do Brasil. Na minha opinião, também é demasiado centrado nos autóctones
. A cultura "brasileira" em si nasceu quando convergiram os povos que moldaram essa cultura, principalmente o mediterrânico português, os negros, creio que bantos na maioria, e as tribos do litoral e do baixo sertão.
O Brasil já existia sim antes da independência, mas antes da colônia? Não.
Emfim, cada um de nós que faça da história sua estória e seu credo.

O Brasil já existia sim antes da independência, mas antes da colônia? Não.
Emfim, cada um de nós que faça da história sua estória e seu credo.
"Navegar é preciso; viver não é preciso"
- Hikkke
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Não sou um estudioso da história brasileira, nem de sua literatura.
Quanto ao conceito "cultura brasileira". O Brasil é um punhado de fragmentos culturais, e ainda é demasiado jovem para se definir o que se é a cultura brasileira.
Este punhado de culturas "tudo junto e misturado", é na minha opinão um dos problemas mais graves do Brasil, seja em termos de moral e ética, quanto em amor a pátria.
Assim como tantos, considero a existência do Brasil, bem antes de aqui chegarem os portugueses. Ainda que os povos residentes fossem pouco evoluidos em termos tecnologicos, eles tinham sua propria cultura. O Brasil tem dimensões continentais, o que seria deste pais se os rumos fossem outros? Estes povos que tanto brigavam entre si, poderiam dar origem a paises distintos, tal qual cada um tinha sua propria lingua, um gênio nascido em um povo e um salto em algum sentido, quem sabe? Ninguêm, poderá saber.
O que dizer de Incas e Maias, os Astecas, povos de tecnologia impressionante, que foram colocados no mesmo patamar que povos barbaros e dizimados.
Não considero os portugueses desbravadores herois (longe disto), ou algo do tipo, mas não culpo Portugal pelas mazelas brasileiras. E poucos brasileiros podem culpar Portugal, somos em maioria pouco africanos, pouco asiaticos, pouco europeus, mas quase nada brasileiros. Em sangue e em cultura.
Quanto ao conceito "cultura brasileira". O Brasil é um punhado de fragmentos culturais, e ainda é demasiado jovem para se definir o que se é a cultura brasileira.
Este punhado de culturas "tudo junto e misturado", é na minha opinão um dos problemas mais graves do Brasil, seja em termos de moral e ética, quanto em amor a pátria.
Assim como tantos, considero a existência do Brasil, bem antes de aqui chegarem os portugueses. Ainda que os povos residentes fossem pouco evoluidos em termos tecnologicos, eles tinham sua propria cultura. O Brasil tem dimensões continentais, o que seria deste pais se os rumos fossem outros? Estes povos que tanto brigavam entre si, poderiam dar origem a paises distintos, tal qual cada um tinha sua propria lingua, um gênio nascido em um povo e um salto em algum sentido, quem sabe? Ninguêm, poderá saber.
O que dizer de Incas e Maias, os Astecas, povos de tecnologia impressionante, que foram colocados no mesmo patamar que povos barbaros e dizimados.
Não considero os portugueses desbravadores herois (longe disto), ou algo do tipo, mas não culpo Portugal pelas mazelas brasileiras. E poucos brasileiros podem culpar Portugal, somos em maioria pouco africanos, pouco asiaticos, pouco europeus, mas quase nada brasileiros. Em sangue e em cultura.
Papai Cantr olhou para Mamãe Cantr e... puf!
O Filinho Cantr nasceu!
Tio Josival olhou para Tio Valdinei e... Tio Josival nunca mais olhou para nada...
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Hikkke, será mesmo assim? A ideia que eu tenho visto do lado de cá do oceano é diferente. A cultura brasileira parece-me existir. É claro que é jovem, mas existe. Como o vosso país é muito grande deve parecer-vos que não existe, mas tal como existe uma cultura norte-americana, existe uma cultura brasileira.
Penso logo na música. Vocês têm uns duzentos anos e têm um peso na música mundial que nós com oitocentos não temos. E nem falo da música mais tradicional. Vocês dão cartas no hip hop, na música de fusão de estílos (não preciso falar de mais ninguém para além do Chico Science, que nos abandonou cedo demais).
Para o bem e para o mal vocês são líderes em produção televisiva de novelas, vocês inventaram-nas.
A vossa cultura está enraizada na alegria, na arte, mestiçagem. Como país muito grande o Brasil pode envolver-se na resolução de problemas entre África e a Europa ou Estados Unidos, entre a América Latina e os países mais ricos. Vocês até têm boas colónias de asiáticos. A vossa cultura é isso. Em alguns aspectos está bem à frente da cultura portuguesa e alguma europeia.
Naturalmente que há problemas, mas que ambiente cultural não tem? Só as culturas mortas.
Penso logo na música. Vocês têm uns duzentos anos e têm um peso na música mundial que nós com oitocentos não temos. E nem falo da música mais tradicional. Vocês dão cartas no hip hop, na música de fusão de estílos (não preciso falar de mais ninguém para além do Chico Science, que nos abandonou cedo demais).
Para o bem e para o mal vocês são líderes em produção televisiva de novelas, vocês inventaram-nas.
A vossa cultura está enraizada na alegria, na arte, mestiçagem. Como país muito grande o Brasil pode envolver-se na resolução de problemas entre África e a Europa ou Estados Unidos, entre a América Latina e os países mais ricos. Vocês até têm boas colónias de asiáticos. A vossa cultura é isso. Em alguns aspectos está bem à frente da cultura portuguesa e alguma europeia.
Naturalmente que há problemas, mas que ambiente cultural não tem? Só as culturas mortas.
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Só discordo do Hikkke, e puxo um pouco da minha opinião - do meu fluido mental que por vezes abominam como peçonha.
O que eu discordo é sobre "sermos um pouco asiáticos", pois os ásia da gema mesmo e os filhos deles são poucos, ou pelo menos onde moro não são expressivos. Pode ser em São Paulo, onde vocês têm mais de três quartos dos descendentes destes imigrantes, mas aqui nem tanto. Por isso a contribuição que vejo vinda deles para a "cultura brasileira" não é grande. Mencionável é, mas com outros pormenores.
Agora, ocorre que eu recebo muita "cultura brasileira" que é na verdade uma lavagem de tendências culturais da São Paulo urbana. E quando não é uma direta exportação cultural paulista, simplesmente é porque passou pelo braço carnavalesco paulista conhecido como Rio de Janeiro (centro urbano).
Para mim a cultura brasileira está nos campos. Nos distantes campos, das tiranas, dos bailares, das violas, dos pifes, do pelego, do couro, do vaqueiro velho, do calor, do frio, do Sol, da sombra, do brejo e do campo, cultura brasileira dos velhos tempos, que observa calmamente os luares do sertão. Por isso, quando vejo tais anseios citadinos sobre a cultura, faço uma paródia daquele velho caolho que tanto nos é querido:
Cessem do paulista e do carioca
Sobre o que teus curibocas fizeram!
Chega! Mais vale que plantem mandioca!
Teus batuques nos nervos já me deram.
O que eu discordo é sobre "sermos um pouco asiáticos", pois os ásia da gema mesmo e os filhos deles são poucos, ou pelo menos onde moro não são expressivos. Pode ser em São Paulo, onde vocês têm mais de três quartos dos descendentes destes imigrantes, mas aqui nem tanto. Por isso a contribuição que vejo vinda deles para a "cultura brasileira" não é grande. Mencionável é, mas com outros pormenores.
Agora, ocorre que eu recebo muita "cultura brasileira" que é na verdade uma lavagem de tendências culturais da São Paulo urbana. E quando não é uma direta exportação cultural paulista, simplesmente é porque passou pelo braço carnavalesco paulista conhecido como Rio de Janeiro (centro urbano).
Para mim a cultura brasileira está nos campos. Nos distantes campos, das tiranas, dos bailares, das violas, dos pifes, do pelego, do couro, do vaqueiro velho, do calor, do frio, do Sol, da sombra, do brejo e do campo, cultura brasileira dos velhos tempos, que observa calmamente os luares do sertão. Por isso, quando vejo tais anseios citadinos sobre a cultura, faço uma paródia daquele velho caolho que tanto nos é querido:
Cessem do paulista e do carioca
Sobre o que teus curibocas fizeram!
Chega! Mais vale que plantem mandioca!
Teus batuques nos nervos já me deram.
"Navegar é preciso; viver não é preciso"
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